Prossegue a discussão sobre o projeto que cria os Tribunais da Relação de Minas Gerais e de São Paulo, mas a oposição liberal continua arrastando o debate para questões políticas. O deputado Carneiro da Cunha, da Paraíba, decide responder, denunciando o uso eleitoral da magistratura pelos liberais. Limpo de Abreu é o alvo indireto, acusado de substituir juízes para vencer eleições. Ottoni defendeu Limpo de Abreu com termos um pouco agressivos e Carneiro da Cunha sugere que pode responder à altura ainda que "
não costume dar em homens deitados".
Nesse ponto, Paulino, na condição de ministro da Justiça, comenta as acusações de corrupção judicial feitas por Carneiro da Cunha, somente porque o comportamento de Limpo de Abreu foi questionado ("
quisera ser coerente com o procedimento que sempre tive nessa casa, de não tomar-lhe o tempo com discursos inúteis").
As objeções de Limpo de Abreu ao projeto são insustentáveis. Ele foi ministro da Justiça por oito meses e sabe dos problemas da organização judiciária (a lei em vigor era de 1751). Também não vê como a acusação a um juiz seria uma acusação a toda a magistratura:
Prouvera a Deus que nessa classe não houvesse um indivíduo que merecesse tal censura (apoiados).
Os problemas do Judiciário são sérios: os jovens saem dos bancos das escolas para tomar assento nos tribunais; não há concursos, nem provas e ocupam um cargo vitalício. A magistratura precisa de prestígio, mas esse prestígio não será garantido com
palavras estéreis. Precisa de regras claras para remoções que evitem seu uso político e para as promoções; precisa de uma legislação de responsabilidade.
Nesse ponto, Paulino, examina o argumento clássico brasileiro, que sempre combateu: que só se pode criar Tribunais depois de reformada toda a legislação:
"A nossa legislação devia, portanto, ressentir-se das faltas que acabo de ponderar. Mas porventura dever-se-á todas as vezes que se propor uma reforma de um ou outro ponto dela, apelar para uma reforma geral? Quando poderemos nós vê-la realizada?"
Assim, diz Paulino, não há melhoramentos nem pequenos, nem grandes.