domingo, 7 de março de 2010

Sobre a Província do Rio de Janeiro

O livro de Sebastião Ferreira Soares é um marco na pesquisa econômica no Brasil, recolhendo informações quantitativas preciosas sobre a produção agrícola do país. Publicado em 1860, traz capítulos específicos sobre os principais produtos e também descrições da situação econômica das províncias do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. O capítulo sobre a província do Rio de Janeiro pode servir como indicação, ainda que tardia, sobre o espaço geográfico e econômico administrado por Paulino José entre os anos de 1836 e 1840. Soares, ao iniciar seu texto, não economiza adjetivos:

"A província do Rio de Janeiro, na qual compreendo o município da Corte, é sem dúvida a mais importante das do Império do Brasil, sob qualquer ponto de vista em que for observada. Tendo um dos melhores, senão o primeiro porto do mundo, e uma posição geográfica a mais conveniente para o comércio geral da Europa e da América, cuja franca barra está situada na latitude sul de 22.50.30 e longitude oeste 43.4.30 do meridiano de Greenwich; possuindo um clima ameno e salubre, parece que foi mesmo criada pela inteligência divina para sede de uma poderosa monarquia e para o empório do comércio do universo. Não me cega o patriotismo estas convicções de minha alma" (pág 198).

Soares atribui à Província cerca de 1 milhão e 300 mil habitantes, dos quais ao menos um terço viveriam na Corte. Menciona seus maiores rios (Itabapoana, Macaé, São João e Guandu) e as dez comarcas, além da Corte: Niterói, Campos, São João da Barra, Macaé, Santo Antônio de Sá, Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Parati. As maiores estradas de rodagem, em seu tempo, eram a Petrópolis-Paraíba do Sul, a Presidente e a de Itaguaí. Três vias férreas estavam em construção e havia ainda dois canais de navegação, o Macaé-Campos e o do Nogueira.

A Província produzia principalmente café e cana de açúcar. Soares estima de 3/4 da produção de café vinha da Província, que gerava cerca de um terço das rendas do Governo Geral. O valor das exportações, no período 1853/1854 passava de 37 mil contos de réis.



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