quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Maioridade: desmanche de uma coalizão

Do ponto de vista liberal, a vitória da Maioridade é o resultado de um movimento de opinião; do ponto de vista conservador, pode ter sido o ponto final do desmanche da aliança de governo, iniciado por uma gestão política infeliz do Regente Araújo Lima.

Segundo Costa Porto (O Marquês de Olinda em seu Tempo), o problema nasce de uma disputa interna por uma cadeira de senador pelo Rio de Janeiro. Senador, no Império, era um cargo vitalício, que livravra seu titular das agruras do sistema eleitoral. Os candidatos eram José Clemente Pereira, Miguel Calmon, um membro do Gabinete, aliado de Vasconcellos, e Lopes Gama, o futuro Visconde de Maranguape, considerado o favorito do Regente.

Esperava-se que Araújo Lima, na posição de Regente, não atravessasse o caminho do chefe do Gabinete, mas tal, de fato, aconteceu. No início de 1839, o pernambucano Lopes Gama concede entrevista a um jornal afirmando que será escolhido chefe do gabinete por Araújo Lima. Começa a confusão, mas espera-se que o Regente não confirme a interferência, fazendo de Calmon senador pelo Rio de Jameiro. Araújo Lima escolhe o conterrâneo e cai o ministério Vasconcellos. Até o desenlace da Maioridade, o governo seguiria assombrado pela necessidade de contentar a representação da Bahia, o fiel da balança até o amargo fim. Calmon seria senador em 1840, mas pelo Ceará.

O episódio ilumina o papel importante da patronagem política na estabilidade dos gabinetes sob o Império. Não é incomum ler explicações para a queda de um ministro do Império como o "cansaço", "desgaste", "dizer não". Alguma hora os ministros tinham de dizer não a pedidos e, assim, começam a perder apoio na Câmara. Paulino José, por sinal, se tornaria célebre pela distribuição de títulos de nobreza para contentar políticos.

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