domingo, 17 de julho de 2011

A queda do poder: o Golpe da Maioridade

Os relatórios do presidente da Província do Rio de Janeiro assinados por Paulino transmitem uma sensação de normalidade política e ativismo administrativo. A leitura de suas páginas não oferece pistas sobre a turbulência política vivida pelo país naqueles anos, apesar da posição ocupada por seu autor no jogo parlamentar. Reeleito deputado geral em 1838, Paulino liderou, na Câmara, a aprovação da Lei de Interpretação do Ato Adicional, revertendo o federalismo autofágico de 1834, mas também testemunhou de perto as primeiras fissuras da vitoriosa maioria conservadora. Esse fenômeno se tornará familiar na vida política do país: o ato político da centralização é apenas a véspera da instalação do conflito interno entre os vitoriosos. A Lei de Interpretação é aprovada no Senado em 12 de maio de 1840, mas no dia 7 já tramitava na Câmara dos Deputados uma proposta concedendo a imediata maioridade do Imperador Pedro II e, por decorrência, desalojando os conservadores do poder.

Nos estertores, um brilho final e fugaz. Um novo gabinete é formado a 18 de maio de 1840, sob a presidência de Caetano Maria Lopes Gama, o Visconde de Maranguape, e no dia 23 assume a pasta da Justiça Paulino José Soares de Souza. Nesse momento, tornou-se ministro, deputado e presidente da principal Província do país. Será ministro por apenas dois meses.

Escrevendo, mais tarde, sobre os eventos, Paulino acusará os liberais de abandonar a luta contra a Lei de Interpretação porque já estavam envolvidos na conspiração em favor da maioridade. De fato, durou pouco a resistência do gabinete no Parlamento e em 22 de julho de 1840 D. Pedro II era declarado maior e capaz. Um novo governo, o gabinete de 24 de julho de 1840, formado por liberais e ex-aliados dos conservadores será instalado. No mesmo dia de sua instalação, Paulino recebe as duas demissões, como ministro da Justiça e como presidente da Província do Rio de Janeiro. Parecia encerrada uma brilhante carreira política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário