segunda-feira, 12 de outubro de 2009

De Paulino José ao Visconde do Uruguai

A prática brutal de chamar os fatos políticos pelo seu nome (a sátira a mais completa...), vista no trecho do Relatório de 1839 citado na nota anterior, deve servir como indicação de um momento biográfico importante. Após um discreto início de carreira política à sombra de Rodrigues Torres e sob a proteção de Honório Hermeto, Paulino José, deputado provincial, deputado geral e presidente de Província, vai emergindo gradualmente como personalidade própria ao longo dos debates da Lei de Interpretação.

A vocação gerencial do presidente da Província ganhou, ao longo dos embates com Teófilo Ottoni e Limpo de Abreu, uma face pública, uma voz: não deixa os adversários liberais sem uma resposta, confronta-os no seu terreno, é sempre efetivo no combate parlamentar. Paulino construiu uma figura única: na tribuna, disposição belicosa; no plenário da Câmara, um profundo conhecedor das instituições políticas do Brasil e do mundo; no comando Estado, uma mente de administrador.

Formado, como líder político, em meio à tormenta dos anos finais da regência, Paulino José Soares de Souza, naqueles dias de junho de 1839, começaria a sua transformação no Visconde do Uruguai. O personagem que vai prender Feijó, dar ordens a Caxias, decretar o fim do tráfico de escravos, derrubar Juan Manuel Rosas, recusar a posição de Primeiro Ministro e condenar a conciliação - aquela mesma conciliação brasileira que vai de Honório Hermeto Carneiro Leão a Luís Inácio Lula da Silva.

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