sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um pioneiro do patrimônio histórico brasileiro

O capítulo sobre o culto público, uma responsabilidade do poder civil de acordo com a Constituição de 1824, termina com uma resposta oficial à Assembléia Provincial sobre o pedido para um exame das obras na matriz da Vila de Parati e com a comunicação da Vila de Barra Mansa, que pediu uma consignação mensal para o término das obras de sua igreja matriz. Paulino também reserva alguns fundos para capelas e curados que consigam organizar subscrições.

Sua preocupação com o estado das construções, assim, pode ser vista como reflexo de suas atribuições como presidente da Província, mas o destaque garantido à descrição da igreja ao estilo toscano em São Fidélis representa mais do que a diligência do administrador público. A inclusão da descrição da obra pelos engenheiros do governo provincial e dos comentários sobre a significação arquitetônica da construção revela uma preocupação um pouco diferente: a preservação das obras de maior significação histórica.

Não é exagero notar nesse ponto uma preocupação pioneira com o patrimônio artístico e cultural da nação recém independente. Uma preocupação iluminada pela preservação, até os dias de hoje, das igrejas cuja construção ou reforma foi iniciada pela administração de Paulino José Soares de Souza. De São Fidélis, ao norte, à Ilha Grande, no sul da Província, templos erguidos com plantas semelhantes, reconhecíveis sob as reformas dos últimos cento e tantos anos, são um testemunho, por que não dizer, emocionante da obra política do autor dos Estudos Práticos sobre a Administração das Províncias. 

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