sábado, 15 de agosto de 2009

Três discursos

Três Discursos de Paulino José Soares de Souza é o terceiro título de sua obra publicada em vida, ao lado do Ensaio e dos Estudos Práticos. São discursos pronunciados nas sessões de 23 de janeiro e 7 de fevereiro de 1843, sobre as consequências da repressão aos motins liberais de 1842 e as crises do gabinete no início de 1843. A edição é de J. Villeneuve, Rio de Janeiro, 1852.

O primeiro deles tornou-se justamente célebre, tendo a mesma data da formação do gabinete José Antônio da Silva Maia, último antes do retorno dos liberais ao poder em 1844. Nele, por sinal, a partir de 8 de junho de 1843, Paulino ocuparia a Pasta dos Estrangeiros, sua primeira incursão no comando da política externa do Brasil.

O discurso é delicioso ao expor a mecânica do governo parlamentar no Império e a crise final do gabinete de 23 de março de 1841, em que Paulino era ministro da Justiça. Havia dois desafios. Primeiro, era um gabinente composto por senadores. Apenas Paulino era deputado e a maioria foi perdendo sua consistência, enquanto o governo tomava decisões duras para conter as rebeliões. Segundo, era necessário coesão interna e o notório Aureliano de Souza Coutinho, ministro dos Negócios Estrangeiros desde 1840, exercia sua influência "dissolvente", antevendo certamente o retorno dos liberais ao poder. Paulino e seus aliados, na verdade, se livraram do corpo estranho, tentando recompor o governo em torno de sua missão fundamental: conter as revoltas e rebeliões internas.

Conclui Paulino: É mais provável, porém, que a Câmara se pronuncie sobre os factos importantes que tiveram lugar; que no estado em que estão os negócios públicos ela faça sentir que detesta as rebeliões (muitos apoiados), que nada poupará para extinguir as causas que as têm produzido (apoiados), e para assegurar eficazmente a paz pública; ou então que diga ao país: - está tudo perdido. (Muitos apoiados).

O texto dos Anais da Câmara informa: "Este discurso, ouvido com silêncio religioso, interrompido somente por vários sinais de adesão, produz na Câmara profunda sensação. Muitos deputados se dirigem ao orador para cumprimentá-lo". (Sessão de 23 de janeiro de 1843).

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