sexta-feira, 10 de julho de 2009

Instrução Pública em 1838

No dia 3 de março de 1838, poucos meses depois da apresentação do relatório do Presidente da Província, Paulino José Soares de Souza voltou a dirigir-se à Assembléia Provincial para prestar contas de sua administração. Como era a praxe, começa pela Instrução Pública, anunciando os números da educação fundamental. Havia 21 escolas públicas em funcionamento, contando com aproximadamente 700 alunos, e ao menos 48 escolas particulares, atendendo outros 600 alunos. A soma ainda uma pequena minoria para uma população estimada em 400 mil pessoas.

De resto, seu discurso era um rosário de problemas, a começar dos escassos instrumentos de controle sobre a qualidade do ensino privado oferecidos pela Lei Provincial de 2 de janeiro de 1837. O principal problema da instrução era a própria escola, geralmente funcionando em prédio alugado, adaptado para o uso. Paulino informa a Assembléia que estuda um plano para padronizar plantas de prédios escolares e iniciar um programa de construção. Também recomendava a concessão de mais "pensões" aos candidatos a vagas na Escola Normal como uma forma de aumentar o interesse na profissão de docente. Diante dos problemas de financiamento das escolas no meio rural chega mesmo a sugerir a autorização para que professores seja pagos por seus alunos, aqueles com mais condições. Por várias vezes menciona a preocupação com a existência de "charlatães" que se apresentam no interior como professores habilitados.

É notável registrar seu interesse na publicação de livros didáticos e informa (pág 6) que vários deles estão já impressos e prontos para a distribuição: manuais do ensino básico francês, traduzidos para uso no Brasil. Quanto à organização do ensino "secundário", recomenda gradualismo no investimento público. Sugere que a Assembléia destine recursos para a manutenção da principal instituição existente: o Seminário de Jacuecanga.

Se estende com detalhes sobre a implantação do método de ensino advogado por Joseph Lancaster (1778-1838), baseado na disciplina em sala de aula (inclusive com castigos), na memorização e no uso de monitores, o chamado "ensino mútuo", em que os alunos mais adiantados ensinam os outros. Paulino recomenda apenas que sejam evitadas as práticas punitivas do método. Há uma tese recente da professora Fátima Maria Neves tratando do assunto: O Método Lancasteriano e o projeto de formação disciplinar do povo (São Paulo, 1808-1889). 2003, Tese (Doutorado em História) – UNESP, Assis, 2003.

(http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_metodo_lancaster.htm#_ftn1)

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