quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Governar é abrir estradas"

Pode ser uma leitura exagerada dos Relatórios de 1836 e 1837, mas há um evidente entusiasmo do bacharel Paulino José com o programa de obras públicas que ia conduzindo naqueles anos. Mesmo a seção sobre o orçamento provincial parece seca e meramente informativa. Quando se abre a descrição das obras em curso, abundam os detalhes, as menções particulares, os projetos e suas consequências. O entusiasmo com a ação administrativa do Estado, cerne do Ensaio e atribuído ao período na Europa, pode ter começado bem antes, na construção das estradas, pontes e aterros pelo presidente da Província do Rio de Janeiro.

O Relatório começa informando a instalação da Diretoria de Obras Públicas, criada pela Lei Provincial de 19 de dezembro de 1836, organizada em quatro seções geográficas e chefiada pelo Coronel João Paulo dos Santos Barreto. O detalhamento é feito seção a seção, com grande riqueza de informações e descrições.

A Primeira Seção correspondia ao quadrilátero sul da Província, delimitado pelas fronteiras com Minas Gerais, São Paulo, pelo mar e pela Estrada do Comércio. Compreendia os municípios de Parati, Angra dos Reis, Mangaratiba, Itaguaí, São Joào do Príncipe, Barra Mansa, Rezende, Iguaçu, Vassouras, Valença e Niterói. Estava sob o comando do Cel Conrado Jacob de Niemeyer.

As principais obras mencionadas são: (1) a conclusão do calçamento da Serra da Estrada de Itaguaí (inclusive com colaboração de subscrição voluntária para a construção das pontes do Rio do Teixeira); (2) a abertura do Canal entre o rio Itaguaí e o Porto do Casaca; (3) a ponte do Bananal, sobre o rio Guandu; (4) as três pontes em Santa Ana do Piraí; (5) Os primeiros reparos da Estrada Velha de Parati; (6) a Estrada Geral de Mambucaba, ligação entre os municípios paulistas de Lorena e de Areias com os portos de mar (Angra e Paraty); (7) a Estrada do Saco de Mangaratiba a São João do Príncipe, com ponte sobre o Ribeirão das Lages; (8) a conservação e melhoramentos da Estrada Geral da Polícia, inclusive com a Ponte do Desengano; (9) a recuperação da Estrada do Commercio, inclusive com a barca para a passagem do Paraíba; (10) o início da Estrada do Morro da Viração (Niterói-Campos, pela costa) e (11) o aqueduto de São Lourenço (para o abastecimento de água de Niterói).

Curiosamente, a importância histórica da administração de Paulino José, registrada em vários sites e publicações relativas a prédios, estradas e pontes do estado do Rio de Janeiro, raramente é mencionada explicitamente por essas fontes.



Imagem: Ponte do Desengano, sobre o Rio Paraíba, Valença.

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