domingo, 17 de maio de 2009

O Visconde do Uruguai por ele mesmo

"Eu fui sempre muito amado por meus condiscípulos e contemporâneos porque fazia estudo em ser modesto. Bacharéis formados andam por aí aos montes e ninguém faz caso deles. Tratei não somente de ser bacharel formado, mas de saber, porque o verdeiro merecimento sempre sobressai (...) A nossa mocidade vai muito para o pendantismo e não há animal mais insuportável que um pedante, ao menos para mim. (...) É triste viver no meio de intriguinhas [da política local], partilhando os pequenos ódios e prevenções pessoais dos partidos de aldeia. Isso só pode servir para amesquinhar o espírito."

"Muito folgarei de que faças aí a mesma figura que fiz. E ainda mesmo que sejas muito bom estudante, não te desvaneças por isso e não te tenhas por sábio. O espírito da contradição e da inveja, que é muito geral entre os homens, faz com que se procure abater aqueles que a si mesmo exaltam. O hábito do estudo custa-se muito a adquirir e perde-se com facilidade. Uma vez perdido dificilmente se recupera. Convé, portanto, que estudes todos os dias regularmente, embora tenhas dado lição, de modo que no fim do ano estejas senhor de todo o sistema e do jogo e da ligação de todos os princípios. (...) Eu nunca tive tais relações (de famílias, de bailes e funções) e dei-me bem com isso. Dava-me familiarmente com alguns estudantes distintos e de uma sociedade amável, que ainda hoje são meus amigos".

Cartas ao filho, Paulino José, 1851-1853.

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