terça-feira, 19 de maio de 2009

Paulino José segundo Jorge Caldeira


"O assunto melindroso estava nas mãos do ministro dos Negócios Exteriores - o velho amigo maçom Paulino Soares de Souza, conhecido por seus métodos e modos pouco ortodoxos. Paulino, como poucos conservadores, misturava refinamento e violência. Nascera em Paris, onde seu pai, ainda estudante tinha se casado com a filha de um livreiro que terminou guilhotinado durante a Revolução Francesa. Passou boa parte da vida na Europa, estudando em Coimbra. Mas assim que voltou para seu engenho de açúcar em Saquarema, notabilizou-se pela violência dos métodos políticos que empregava nas eleições e pela defesa que fazia deles. Uma de suas frases preferidas era não se poupa um inimigo derrotado, pois ele pode se levantar amanhã. Essa mistura de boa formação com furor guerreiro casava-se bem com o projeto que tinha em mente, uma conjunção fina de esgrima diplomática e guerra. Os planos que alimentava eram tão perigosos que ele acabou desistindo de trabalhar na sede do ministério, que considerava pouco segura. Só em sua biblioteca ele se julgava a salvo dos espiões ingleses, franceses, argentinos e uruguaios. Se apenas uma parte de suas idéias chegasse fora de hora ao ouvido de um deles, explodiria um verdadeio barril de pólvora" (Jorge Caldeira, Mauá. Empresário do Império. São Paulo, Cia das Letras, 1995, pág 200.)

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