domingo, 17 de maio de 2009

Um advogado no Primeiro Império

Paulino retorna de Portugal, chegando a São Luís em 17 de janeiro de 1829. A revolução em Portugal não permitira, contudo, que ele terminasse o curso de Direito. Precisava novamente viajar, dessa vez para São Paulo. Deixa o Maranhão no dia 6 de maio, rumo ao sul do País. Seu caderno de notas registra uma longa viagem marítima: Jericicoara (2 de junho), Ceará (23 de junho), Pernambuco (28 de julho), Maceió (16 de agosto), Salvador (24 de agosto), Rio de Janeiro (8 de setembro), Santos (3 de novembro) e finalmente São Paulo (5 de novembro de 1829). De São Paulo, foi visitar seu tio, Bernardo Belisário, juiz em Campanha da Princesa, Minas Gerais. Volta a São Paulo, para matricular-se na Escola de Direito apenas em 3 de fevereio de 1830.

Em sua viagem, Paulino vinha acompanhado de um escravo, João. Ele faleceu no Rio de Janeiro.

O périplo não era apenas geográfico, revelando a cada passo um pouco da estratégia profissional do jovem Paulino. Quando em Pernambuco, por exemplo, visitou o diretor da Escola de Direito, Lourenço José Ribeiro, um antigo colega de Coimbra. Ribeiro lhe deu um carta, endereçada ao minstro do Império, José Clemente Pereira, pedindo uma posição de professor para Paulino. Clemente Pereira ofereceu uma vaga em São Paulo, mas Paulino preferiu continuar o seu curso. (Vida do Visconde do Uruguai, págs 27 e ss.). No Rio de Janeiro, certamente visitou os deputados do Maranhão na Corte, João Bráulio Muniz e Odorico Mendes, e aproveitou a estada para comprar quase 60 mil réis em livros: Benjamin Constant, Jeremy Benthan, Ramón Salas, Desttut de Tracy e manuais franceses sobre provas judiciais, assembléias legislativas e códigos legais. Segundo José Antônio Soares de Souza, o livro que realmente ocuparia Paulino seria, contudo, "O Federalista" (Id. pág 30).

Matriculado em São Paulo, Paulino e mais dois colegas pedem ao governo a instalação dos anos finais do curso, o quarto e o quinto, que ainda não funcionavam na Escola de Direito. No final de 1830, o ministro do Império determinava a instalação do quinto ano do curso. Paulino viveu todas as fases de um estudante de Direito naqueles anos: fundou clubes literários, participou de sociedades secretas, escreveu para jornais de estudantes.

Sim, Paulino certamente tinha simpatias republicanas e, mais tarde, nos anos 1840, a sociedade secreta que fundara foi acusada, por liberais, de liderar atos de violência contra portugueses. Mais uma das célebres "sociedades do punhal e do cacete" do fim do reinado de Pedro I. Paulino jamais comentou o assunto posteriormente e José Antônio, seu biógrafo e bisneto, declara não acreditar em tal hipótese. Também flertou com a carreira literária, publicando poemas no Amigo das Letras (n. 24, de 29 de setembro de 1829), mas rapidamente seguiu o conselho dos professsores, aplicando-se aos estudos.

Formou-se advogado no final de 1831 e seu título traz a data de 12 de março de 1832, assinado pelo diretor José Arouche de Toledo Rendon. (Vida do Visconde, pág 37).

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