terça-feira, 12 de maio de 2009

Paulino, Hermeto e Rodrigues Torrres

A carreira política de Paulino José Soares de Souza é exemplar em sua direta relação com a nascente patronagem imperial. Ele entrou no jogo dessa maneira, jamais tentará mudar as suas regras. O regente Costa Carvalho, amigo de outros tempos, e seu ministro Feijó o fazem, em 1832, Juiz de Direito em São Paulo.

A ascensão de Honório Hermeto ao ministério permite o passo seguinte: a vinda para Corte em novembro do mesmo ano, também como Juiz. Logo em seguida, o casamento com Ana Álvares de Azevedo, cunhada de Rodrigues Tôrres, lhe abre as portas da política fluminense.

Em 1835, é eleito deputado na Assembléia Provincial do Rio de Janeiro. No ano seguinte, após o pedido de licença de Rodrigues Torres, assume o cargo de presidente da Província do Rio de Janeiro em 30 de abril, função que exerceria até o golpe da Maioridade, no início de agosto de 1840.

Desde 1837, por sinal, Paulino José também é deputado na Assembléia Geral. Pouco antes dos seus trinta anos, Paulino completaria, assim, sua transição pessoal de magistrado a homem de Estado, dando prosseguimento à obra administrativa de Rodrigues Torres no Rio de Janeiro.

É o responsável pela criação da estrutura de arrecadação de impostos da província, pela construção das primeiras escolas, pela elaboração do primeiro orçamento, dos primeiros planos de obras públicas e do primeiro recenseamento, completado em 1840. Na escala menor da vida provincial, na experiência prática do estado rudimentar da administração pública no Brasil, Paulino certamente abandonou qualquer fascinação residual por idéias federalistas. Sua educação européia deixava pouco espaço para dúvidas: o país não existe ainda, precisa ser feito a partir da base e com a ajuda de um sistema político atormentado pelas revoluções da longa independência brasileira.

Em 1834, morria D. Pedro I em Portugal, encerrado qualquer veleidade de restauração ou de união com Portugal. Em 1838, após um acidente com seu cavalo, morre o pai de Paulino José em São Luís do Maranhão. Sua mãe retornara à França pouco tempo antes, sua irmã falecera logo depois de casar. Em termos pessoais e políticos, uma época terminava. Agora, para Paulino e para o Brasil, era cada um por si.

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